domingo, 24 de julho de 2011

Afinal, para que serve a Arte?


“Why do I wish I never played
Oh, what a mess we made
And now the final frame
Love is a losing game”
Love is a Losing Game, Amy Winehouse
Num sábado nublado de julho, morreu Amy Winehouse. Para o showbiz, perdeu-se uma cantora polêmica, viciada em drogas e que seguiu o triste caminho da autodestruição. Para quem admira música, perdeu-se uma artista. Bom foquinha, eu deveria estar trabalhando numa retrospectiva dos escândalos que marcaram a carreira de Amy, mas vou pedir licença para não fazê-lo.
Pra chorar junto, ora!
Conheço pouco de música, tecnicamente falando. Mas creio que ninguém pode negar a Amy o status de Diva devido aos seus dotes musicais – e refiro-me à voz poderosa, cheia de drama, e ao coquetel delicioso de soul, jazz e R&B no qual ela nos viciou durante esses poucos anos de carreira. As letras traduziam com alguma amargura os próprios dramas da cantora: os vícios e as decepções amorosas. Eu e você nos comovemos com a música de Amy – e de todas as outras que costumamos comparar a ela – porque temos um pouquinho desses dramas dentro de nós. Eu já sofri por amor, já gostei de quem não gostava de mim, já afoguei tristeza em álcool e já tive medo de não conseguir sair da fossa. Quem nunca? É por isso que os arrepios passam pelo corpo todo ao som de Valerie e He Can Only Hold Her.
E é por isso que a Arte seduz o homem, afinal! Por força da identificação, por partilhar valores quase universais e fazer esses sentimentos ferverem dentro de quem admira a obra. Com a morte de Amy sinto a mesma coisa que senti quando perdemos Michael Jackson: o escândalo sai mais forte do que a obra do artista. E quem ousa se entristecer pela trágica perda de um talento é tachado de “fã”, como um atributo dolorosamente pejorativo. É triste lembrar que pessoas morrem todos os dias das mais diferentes causas. Mas perder um artista dói no grande público porque ele certamente conseguiu construir algo de valioso – sua música, no caso dos dois ídolos – e nos cativar por meio disso.
Acompanhei a carreira de Amy sempre com um aperto no coração, com a terrível expectativa de perdê-la a qualquer momento. Afinal, como dizem agora todos os jornais, nossa Diva estava caminhando lenta e publicamente para a autodestruição. Nos últimos meses ainda foi possível alimentar alguma esperança de que ela se recuperasse, afinal, o terceiro CD já estava no forno. Perdemos as esperanças hoje e vamos precisar nos contentar com algum amontoado de faixas mal concluídas que vão ser lançadas daqui a alguns meses, a título de álbum póstumo. Triste. Fica só o sentimento de que adorei a obra, ainda que ela tivesse sido permeada pelo escândalo e polêmica, certamente muitíssimo menores e menos relevantes que as joias que Amy nos deixou.

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